sexta-feira, agosto 13, 2004

"Perdão, padre, eu pequei...."

Ontem à noite eu estava pensando incomodada no ato de se confessar. Que porra é essa, como que isso ainda existe? Eu chego na Igreja e conto prum velhinho (no qual eu tenho que acreditar que naquele momento, ele não é um simples ser humano, mas um intermediário de Deus) todas as coisas que eu (ops, os outros) acredito que sejam pecados, algo que eu fiz, ou pensei e não deveria ter acontecido. Eu lembro que me confessei duas vezes, e nunca dizia tudo, mesmo porque não me lembrava, era sempre aquele negócio: "briguei com os meus irmãos, não estudei o que deveria, e nem sempre obedeci à meus pais." Como que isso vai me deixar aliviada? Nunca deixou, aliás, penso que a maioria dos católicos se sentem incomodados em se confessar, e nunca falam tudo. Mas o mais escroto é a concepção de pecado: cheio de valores conservadores, senti inveja e quis fazer sexo oral é pecado, mas comer animais e prender um cara que roubou um pão porque tinha fome não é pecado. Ah, não. Que costume ridículo esse de se confessar prum palhaço cheio de valores coercitivos, cheio de discriminações e não ter o direito de não falar pra ninguém o que não quer e ainda se sentir pecador por ter feito algo espontâneo só porque foi convencionado que aquilo é pecado.

Nenhum comentário: