quarta-feira, agosto 18, 2004

Ambigüidade

Desculpem, rolou uma ambüiguidade no último post: Existem 2 tipos de mocinhas.
1- A mocinha principal: é o personagem principal do filme, é o sujeito que representa o bem no filme.Ex.: a mulher gato; Panteras;
2- A mocinha do mocinho: é quem fica com o mocinho, ela não é o personagem principal, ele é. Ela é coadjuvante.Ex.: as namoradas do James Bond; A Catherina Zeta Jones, no Zorro;
É dessa segunda que eu estava falando, a pessoa que fica com o mocinho, não as personagens principais. Mesmo que ela esteja do lado do mal, porque se ficou com o mocinho, que é do bem, ela tem algo do bem.
Sobre o fato da mocinha como personagem principal desempenhar o mesmo papel do homem na estrutura dos filmes de ação, é outro assunto, com certeza mulher gato seja assim, infelizmente, não boto fé, mas o assunto era outro. Só esperava que esse filme tivesse trazido algo de diferente e não de INVERSO.

As mocinhas nos filmes de ação


Além de serem quase que totalmente baseados em imagem (principalmente as de efeitos especiais)e terem enredos manjados, os filmes de ação hollywoodianos quase sempre possuem essa fórmula: maniqueísmo, machismo e consumismo. Ou seja, trata-se de um duelo entre mocinhos e bandidos, em que sempre rola a "mocinha"(mesmo que ela seja do lado do mal, é mocinha)e todos estão vestidos, ou melhor munidos, daquilo que de melhor a indústria cultural pode oferecer: os celulares, carros, maquiagens, etc. Mas a questão é o papel da mocinha: a mulher normalmente é mostrada como mais frágil: fisicamente, emocionalmente (já que ser durão é ser forte emocionalmente), menos esperta, e normalmente quando ela consegue sacanear um homem é usando o que? SEXO! Por quê? Porque este é o ponto fraco dos homens, já que faz parte da sua "masculinidade" (pra não dizer natureza), por ser muitíssimo compatível com o ato sexual. E mesmo que a mocinha consiga emboscar o mocinho pelo sexo, ele acaba sendo mais esperto no final, ou porque ele é escroto mesmo (o mocinho é escroto em tudo) ou porque ele a faz se apaixonar por ele, hummmm, aí está feito, agora ela está indefesa. Acho que acabei mostrando a mocinha contra o mocinho, mas a mocinha do bem também tem um papel bem dela: a protegida. "Salvem as mulheres e crianças..." Sem falar naquela típica cena da mulher (as que não sabem lutar, que é a maioria) ficando puta com o mocinho (com certeza porque pegou ele com outra mocinha) e sai batendo com os braços neles, tipo dando vários tapas consecutivos pra cima dele, o que ele faz? Segura os braços dela com uma racional superioridade e a deixa totalmente indefesa mostrando o quanto ele é o mais forte fisicamente e pra fechar lhe dá um beijo (ainda segurando as mãos) à força, mostrando que também é mais forte emocionalmente. Que isso? um estupro? Seja o que for, é algo bem presente nos filmes de ação. Bom, espero que pelo menos na Mulher gato seja um pouco diferente, alguém já viu?

segunda-feira, agosto 16, 2004

Mais sobre "viver"

Bem, Machado de Assis tem um comentário a fazer sobre "o que estamos fazendo aqui?". Tirei o trecho a seguir do Memórias Póstumas de Brás Cubas, sobre uma viagem que ele teve com uma servente dele: "Assim, pois, o sacristão da Sé, um dia, ajudando à missa, viu entrar a dama, que devia ser sua colaboradora na vida de Dona Plácida. Viu-a outros dias, durante semanas inteiras, gostou, disse-lhe alguma graça, pisou-lhe o pé, ao acender os altares, nos dias de festa. Ela gostou dele, acercaram-se, amaram-se. Dessa conjunção de luxúrias vadias brotou Dona Plácida. É de crer que Dona Plácida não falasse ainda quando nasceu, mas se falasse podia dizer aos autores de seus dias:- Aqui estou. Para que me chamastes? E o sacristão e a sacristã naturalmente lhe responderiam: - Chamamos-te para queimar os dedos nos tachos, os olhos na costura, comer mal, ou não comer, andar de um lado para outro, na faina, adoecendo e sarando com o fim de tornar a adoecer e sarar outra vez, triste agora, logo desesperada, amanhã resignada, mas sempre com as mãos no tacho e os olhos na costura, até acabar um dia na lama ou no hospital; foi para isso que te chamamos, num momento de simpatia".

sexta-feira, agosto 13, 2004

"Perdão, padre, eu pequei...."

Ontem à noite eu estava pensando incomodada no ato de se confessar. Que porra é essa, como que isso ainda existe? Eu chego na Igreja e conto prum velhinho (no qual eu tenho que acreditar que naquele momento, ele não é um simples ser humano, mas um intermediário de Deus) todas as coisas que eu (ops, os outros) acredito que sejam pecados, algo que eu fiz, ou pensei e não deveria ter acontecido. Eu lembro que me confessei duas vezes, e nunca dizia tudo, mesmo porque não me lembrava, era sempre aquele negócio: "briguei com os meus irmãos, não estudei o que deveria, e nem sempre obedeci à meus pais." Como que isso vai me deixar aliviada? Nunca deixou, aliás, penso que a maioria dos católicos se sentem incomodados em se confessar, e nunca falam tudo. Mas o mais escroto é a concepção de pecado: cheio de valores conservadores, senti inveja e quis fazer sexo oral é pecado, mas comer animais e prender um cara que roubou um pão porque tinha fome não é pecado. Ah, não. Que costume ridículo esse de se confessar prum palhaço cheio de valores coercitivos, cheio de discriminações e não ter o direito de não falar pra ninguém o que não quer e ainda se sentir pecador por ter feito algo espontâneo só porque foi convencionado que aquilo é pecado.