terça-feira, abril 12, 2005

Entretanto...

Felizmente existem pessoas críticas como nós que não acreditamos na Superinteressante e sabemos que o fator histórico-cultural é que faz o homem... Felizmente? Mesmo questionando uma informação dita científica estou usando uma lógica científica e acadêmica para questiona-la. Se me levarem no laboratório e me informarem o tamanho da amostra, aí sim eu posso acreditar, independente das posições políticas e crenças de cada pessoa lá dentro. Só essa comprovação empírica me satisfaz?

A questão é que não importa se o IBGE ou o Stephew Hawking tenham “descoberto”, estamos falando de um ponto de vista apenas. Uma linguagem humana, mais um discurso apenas: o científico, o acadêmico e seus agregados. Uma fala cheia de palavras perigosas como “conprovou”, “descobriu”, sendo que a maioria dessas pesquisas é feita por métodos probabilísticos. Instituições das quais conhecemos bem suas histórias.
Um dia desses passei em frente ao Departamento de Física da UnB e ouvi um professor falando pra dois alunos: “[...] aí a gente pega esses dados, joga nas equações, chuta uns valores e acompanha [...]” Então é assim que explicamos o mundo? Depende dos resultados que derem dos dados que a gente jogou nas equações criadas por nós e chutamos uns valores? Simples assim? Com um selinho de “cientificamente comprovado” não apenas acreditamos, mas até questionamos dentro de um pensamento. Nossas próprias palavras de fala: uma lógica hegemônica.

Nossa verdade é quantitativa, validamos o que aparece num grande número, a representatividade é numérica. Não sabemos como ocorrem todas essas comprovações, mas confiamos e criticamos cegamente na/pela lógica científica. Será que não podemos ir mais além? Como questionar a própria necessidade de comprovação. Por que essa necessidade de tentar achar uma explicação universal para tudo? Por que achar ainda que um sistema todo hierarquizado, sistematizado com a pretensão de estar fora de nossa condição repugnantemente humana vai nos levar para UMA resposta, só porque ele se aplica em algumas coisas? Por que queremos UMA resposta? UMA, verdade? Por favor, eu quero sair dessa lógica!

Nenhum comentário: