segunda-feira, outubro 29, 2007

Eu, vocês e o que não mais somos

Os quadros de lã e palha que compramos quando fomos à Canela por volta de 1989;
Aquele vinil do John Waiter com o rosto pintado que me fazia chorar de medo quando tinha 5 anos de idade;
Aqueles barulhos do relógio da música Time do Pink Floyd, que ela nunca gostou, mas ainda é sua banda preferida. Aliás qualquer som que saia do Pink Floyd;
Aquela vez, quando tinha 13 anos, e encontrei uma fita brega de vocês intitulada "Músicas para Amar" e me fez morrer de rir ao pensar que vocês namoravam ouvindo o Bob Dylan dizendo algo como "Lady Lee Lay"
Aquela vez que você viajou e eu, brincando com o Yuri, cortei o supercílio e ela gritava desesperada comigo no colo para os vizinhos nos levarem no hospital. Ela sempre ficava mais aflita sem você, mas daria a vida por mim naquele momento.
Assim como aquela história que você sempre me conta de quando eu era bebê e, quase morrendo por febre, você entrou de baixo do chuveiro gelado chorando e rezando para que eu não morresse.
Vocês sempre dizem que eu era uma criança doente e me tornei uma mulher forte.
Por favor, perdoe minha suposta fortaleza que não consegue compreender como é difícil para vocês. Desculpa-me e obrigada por, com essas lembranças, derramar a primeira lágrima depois de tanto tempo.

Nenhum comentário: