Insurreta
Simbora pra prosa.
domingo, março 22, 2015
Guia de conceitos feministas
quarta-feira, março 11, 2015
House of Cards e as relações de gênero do Século XIX
quarta-feira, dezembro 02, 2009
A hipocrisia sobre o aborto no Brasil e a morte de Neide Mota
Conheci Neide Mota pessoalmente em 2008, durante visita feita a Campo Grande por um grupo de mulheres feministas que visavam compreender a situação crítica que envolvia a invasão da Clínica de Planejamento Familiar de Campo Grande – da qual a médica anestesista era proprietária - pela polícia local. Tal ação ocorreu após veiculação de matéria pela Rede Globo local e demanda encaminhada ao Ministério Público por Deputados Federais, especialmente Luiz Bassuma, líder da Frente Parlamentar em Defesa da Vida – contra o Aborto e membro do Movimento Brasil sem Aborto, punido por seu ex-partido, o PT. O caso envolveu a médica anestesista, outros profissionais, e muitas mulheres. Milhares de mulheres. Cerca de 10.000, que por mais de 20 anos recorreram a este espaço para solucionar o desejo de não ter filhos. Criticada por muitos e muitas, Neide era uma mulher, no mínimo, controversa e ousada. Afrontava o poder público, as autoridades locais, denunciava a hipocrisia de instituições e de personagens que, segundo ela mesma contava, não se furtavam a levar mulheres jovens para sua clínica e pagar por abortos que os livrariam de situações públicas vexatórias, e/ou de compromissos éticos, morais e financeiros futuros. No mundo público a crítica ao direito de decidir. No mundo privado, o pagamento em cash.
O caso de Neide Mota e de sua clínica de planejamento familiar faz pensar. Neide, entre o Estado e o mercado, chegou a ser procurada para servir como referência e parceria para a realização de abortos legais pelo SUS, o que a tiraria da clandestinidade e, de outro lado, estar envolvida e denunciar o desrespeito aos direitos humanos cometidos naquela cidade. A invasão de sua clínica suscitou perguntas que até o momento não estão totalmente respondidas: por que a visita sorrateira da Rede Globo àquela clínica naquele momento? Como foi possível tanta rapidez entre o programa televisivo e a demanda de ação por parte do deputado Bassuma em acionar o Ministério Público para denunciá-la?? Por que tamanha exposição do processo que envolvia tantas mulheres, significando uma moderna degola de mulheres em praça pública? Como justificar a falta de disposição dos Conselhos Éticos de Medicina em mostrar irregularidades do poder judiciário ao não preservar a confidencialidade dos prontuários médicos recolhidos na clínica pela Polícia? Como esquecer que o poder Judiciário deixou durante algum tempo estes processos ao sabor do vento, sendo manuseados livremente, tendo fichas eliminadas? Como esquecer que algumas mulheres foram “escolhidas” para servirem como “bois de piranha” e assim deixarem o campo livre para a construção do plano maior de aniquilamento da imagem pública de Neide Mota? Como justificar o recuo da Justiça e do Direito neste universo que criminaliza e mata mulheres?
Tudo indicava desde aquele momento que o que se desejava era uma ação exemplar. E foi assim, do começo ao fim. A morte de Neide Mota, capítulo final de outra novela da vida, vai ao ar praticamente ao mesmo tempo em que a rede Globo circula um novo sermão eletrônico, ou seja, capítulos de sua novela das 8 que incentivam a culpabilização de todas/os as/os telespectadores que chegarem a pensar no aborto como um direito. Parece um jogo metafórico e ideológico dos mais potentes.
Novas formas discursivas entram em ação e se potencializam. Mídia, setores conservadores da Igreja Católica e de outras religiões dando as mãos, numa aliança “fraterna” e inequívoca, para impedir os avanços da autonomia sexual e reprodutiva, da liberdade e da solidariedade da população brasileira, particularmente de todas as mulheres.
Mas estão enganados senhores. As mortes de Neide e outras mulheres que sofrem com seus abortos clandestinos, só trarão maior visibilidade às injustiças que se cometem neste país. Segundo estimativa da Organização Mundial de Saúde, mais de trinta por cento das gravidezes no País terminam em abortamento, de modo que, anualmente, ocorrem aproximadamente um milhão e quatrocentos abortamentos inseguros - clandestinos ou espontâneos -, o que representa 3,7 ocorrências para cada cem mulheres de quinze a quarenta e nove anos. De acordo com o Ministério da Saúde, 250 mil é o número médio de mulheres internadas anualmente em hospitais da rede pública de saúde para fazerem curetagem na região do útero após um aborto inseguro. A maioria delas é jovem, pobre e negra. A prática de abortamentos em condições clandestinas no Brasil tornou-se um grave problema de saúde pública, responsável pela quinta causa de mortalidade no país, a primeira causa dessas mortes em Salvador, desde 1990, e a terceira causa em São Paulo. O abortamento provoca mais mortes de mulheres negras (pardas e pretas) que de mulheres brancas, e seu peso, como causa de mortalidade, é maior nas faixas etárias das meninas até quinze anos e das mulheres entre trinta e trinta e nove anos.
Neide possivelmente iria a Júri Popular nos próximos meses, e quem sabe, talvez chegasse a usar de sua tribuna para falar, uma vez mais. Falar da hipocrisia nacional quando se trata de direitos reprodutivos, que a uns e umas tudo permite, e a outras, cala, mente e mata.
quinta-feira, janeiro 31, 2008
Criado espermatozóide a partir de célula feminina
Cientistas criam espermatozóide a partir de célula feminina Cientistas britânicos afirmam ter criado espermatozóides a partir de células-tronco da medula óssea feminina - abrindo caminho para o fim da necessidade do pai na reprodução.
A experiência vem sendo desenvolvida por especialistas da Universidade de New Castle que, em abril do ano passado, anunciaram ter conseguido transformar células-tronco da medula óssea de homens adultos em espermatozóides imaturos.
Em entrevista à última edição da revista New Scientist, Karim Nayernia, um dos pesquisadores envolvidos no estudo, disse que agora os cientistas repetiram a experiência com células-tronco da medula óssea de mulheres, podendo "abrir caminho para a criação do espermatozóide feminino".
No trabalho, ainda não publicado, Nayernia disse à New Scientist estar esperando a "permissão ética" da universidade para dar continuidade ao trabalho, que consistiria em submeter os espermatozóides primitivos à meiose, um processo que permitiria a maturação do espermatozóide, tornando-o apto para a fertilização.
"Em princípio, eu acredito que isso seja cientificamente possível", disse Nayernia. O estudo, afirma a revista, poderia possibilitar que um dia, casais de lésbicas poderão ter filhos sem a necessidade de um homem, já que o espermatozóide de uma mulher poderia fertilizar o óvulo da outra.
"
Mas báááááá
terça-feira, janeiro 08, 2008
Como assim “bissexual”?*
Por Clarissa Carvalho
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“Não, peraí, isso não existe: ou você gosta de alguém do sexo oposto, ou de alguém do mesmo sexo. Decida-se.”
Essas são algumas reflexões (?) correntes sobre a bissexualidade. Eu diria que existe uma idéia pré-concebida comumente aceita de que “é mais fácil ser bi”, “bis são mais aceit@s porque essas pessoas podem desfrutar os espaços e os direitos ‘normais’, e ainda se decidirem, um dia à noite numa festa podem fazer ‘algo diferente’”. Não transgrediram completamente, então, se continuarem, pelo menos publicamente exercendo a heterossexualidade, é permitido e até exótico/excitante uma homossexualidade mais velada e, de preferência, eventual.
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É mais fácil ser bi?
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Qualquer idéia ligada a uma “aceitação da bissexualidade” é equívoca porque ela, de maneira alguma, compreende o que é ser bi. Ou seja, quem diz que ser bi é mais aceito é porque não entende o que é ser bi. A questão aqui não é se eu não sou discriminada quando estou com um homem, a questão é entender como que o meu desejo funciona. E te digo, meu desejo não é heterossexual de dia no restaurante com a família e homossexual à noite na boate “gls[1]”.
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O preconceito de fora
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No imaginário social comum, em geral, a aparente aceitação da bissexualidade é uma velada desconsideração da mesma. Aceita a bissexualidade o homem heterossexual que se diverte com meninas que transam na sua frente, quando o objetivo final é excitá-lo. Para ele, essa bissexualidade pode: que é apenas uma fantasia direcionada à ele, que só envolve atração física e nunca a afetiva e que todo desejo partilhado entre as mulheres não seja superior ao desejo que ambas sentem pelo seu pênis. Aí pode: “adoramos mulheres bissexuais!!!!” . “Eu só tenho ciúmes de minha namorada com homens.”
Aceita-se a bissexualidade talvez na adolescência, quando ela/ele está apenas experimentando, “coisa de criança”, “ta na moda!” “daqui a pouco essa fase passa, quando ela conhecer alguém de verdade”. Tem-se a idéia, sempre, de que se há o desejo heterossexual entre as/os que se dizem bissexuais, ele sempre é mais forte e que a homossexualidade é provisória, fruto de alguma perturbação momentânea.
Pode-se transar com uma amiga para excitar o namorado, mas não se pode apaixonar-se por ela. E aí, eu pergunto onde está a tal da “aceitação”? O mais interessante é que a noção de gênero está muito presente nessa forjada e hipócrita “aceitação”. Pois nas fantasias heterossexuais raramente há aceitação de homens bissexuais. A namorada raramente tem a fantasia de ver o namorado com outro homem, já homens E mulheres heterossexuais têm, comumente, fantasias com mulheres transando. A indústria pornográfica de massa incentiva relações sexuais entre mulheres, desde que orientadas pelo desejo heterossexual. Muito difícil é ver relações sexuais entre homens em filmes direcionados a pessoas heterossexuais. Se homem transou com homem, acabou: é gay. Se mulher transou com mulher: obviamente ela só está excitando o expectador/a. Homens bis são gays promíscuos e mulheres bis são fantasias. Essa idéia está muito mais perto de uma mercantilização do corpo feminino e banalização do desejo lésbico em prol das meras fantasias heterossexuais, do que de uma “aceitação da bissexualidade”.
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O preconceito de dentro
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Por outro lado, a aceitação que o movimento LGBTTT tem para com bis é ótima, se eu mulher, estou defendendo os direitos de ser lésbica. Parece que se estou numa relação heterossexual de longa duração, não há sentido de eu estar militando como LGBTTT, mesmo sendo militante bissexual. Mas como é você fazer parte de um grupo de lésbicas e bissexuais e de repente começar a namorar sério um cara (que inclusive está disposto a ir às paradas LGBTTT’s com você)? Como você vai trazer para o grupo de lésbicas os problemas que você está tendo com o seu parceiro? Existe espaço para isso? O “b” está na sigla, mas o que ele diz nas paradas? Você tem espaço para trazer seu parceiro para uma parada e não levar, no mínimo, olhares atravessados, entre, claro, as mais diversas piadinhas?
Eu sinto, muitas vezes, no próprio movimento, um ar de rejeição. “O que está fazendo com esse cara? Você não militava com a gente? Ah, não era lésbica de verdade, estava apenas brincando.” Parece não existir a orientação bi. Ou você joga de um lado, ou joga de outro. Há a idéia da “lésbica enrustida”, aquela que no fundo é lésbica, sente desejos apenas por mulheres, mas de vez em quando fica com homens por covardia de assumir-se como lésbica. Parece que é um projeto incompleto, um trabalho inacabado, alguém que não teve coragem de subverter totalmente e mantém práticas heterossexuais como estratégias de defesa, proteção e desfrute de privilégios.
Em poucas palavras, ser bi é fácil quando você é hetero para a “normalidade” e quando você é lésbica para a “anormalidade”. E para muitas pessoas, eu entendo que ser bi é “se aproveitar” das situações e dos espaços que estão postos de forma dicotômica e necessariamente antagônica. É a velha história do “joga para os dois lados”, traiçoeira/o, interesseira/o, desleal, sem comprometimento, covarde, sem identidade.
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Mas o que é ser bi, afinal?
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O desejo não procura um gênero específico. O que não quer dizer que bis não tenham gosto ou sejam promíscuas/os: “pegam todo mundo”. Aliás, aqui entre nós: dispenso essa noção de promiscuidade, uma vez que ela não acrescenta nenhum valor legítimo, além de barrar as liberdades das pessoas para com os seus corpos e ações. Ser bi não e ser homossexual enrustida/o. Eu não estou com um cara agora, para não sofrer discriminação. Eu estou com ele porque ele me atraiu, porque nós conversamos e nos demos bem, assim como amanhã isso pode acontecer com uma garota. Assim como ser bi não é ser uma pessoa heterossexual que lá de vez em quando, numa festa mais “alternativa”, quando estou bêbada/o, eu fico com pessoas do mesmo sexo. Ou ainda, fica com pessoas do mesmo sexo, mas não sente tesão o bastante para transar ou sentimento o bastante para amar.
Não quer dizer também, que bis têm dias e ocasiões certas para gostar de cada sexo. O desejo é imprevisível, muitas vezes, está mais no seu objeto de atração (te surpreendendo) do que em você, como uma idéia preconcebida. Pessoas bis podem ter longas fases heterossexuais e anos depois começar um relacionamento sério homossexual. Nada impede que eu ame apenas mulheres durante dez anos de minha vida e depois ame um homem durante dois anos, por exemplo. Assim como há bissexuais que têm preferências homossexuais, ou heterossexuais. Por exemplo: há mulheres bissexuais que preferem ficar com mulheres, vivendo quase toda suas vidas orientada à lesbiandade, mas que eventualmente apaixonam-se por homens sem ter grandes crises de identidade, ou problemas com desejo sexual, porque sua identidade é bi.
Assim como na homossexualidade, na bissexualidade não existe relação entre o gênero da pessoa e de sua aparência com o seu desejo sexual. É mito quando se pensa que as mulheres “mais femininas” são bis porque ficam com homens. Não. Há mulheres de aparência mais masculinas que gostam de ficar com homens, sejam elas bissexuais, ou heterossexuais. Assim, como há homens com traços femininos que podem se sentir atraídos por mulheres. Travestis, transexuais e transgêneros podem ser bissexuais, pois sua identidade de gênero, independe do seu desejo afetivo e sexual.
Não há sentido de haver uma identidade de bissexual – uma letrinha “b” no LGBTTT – se não se compreende uma pessoa bissexual como bissexual e sim como uma pessoa homossexual enrustida, ou heterossexual promíscua. Existe uma especificidade em ser bi que deve ter o seu lugar, a sua voz e suas demandas. É claro, porém, que mulheres bissexuais militantes possuem praticamente as mesmas demandas de mulheres lésbicas no movimento LGBTTT, porém, falta um espaço, muitas vezes para que problemas “bis” sejam abordados, e que as próprias pessoas bissexuais visíveis como realmente são.
Posso amar mulheres agora, homens amanhã, depois mulheres novamente e isso não me faz lésbica ou heterossexual essencialmente ou naquele momento. Eu sou bissexual sempre e sinto orgulho.
[1] A expressão “GLS” foi usada intencionalmente. Ela reflete exatamente a hipocrisia de uma “aceitação LGBTTT”, uma vez que não possui uma proposta política, mas sim o intuito de tornar a homossexualidade algo menos chocante, mais exótico e que gere lucros.
quinta-feira, dezembro 06, 2007
Gangue de mulheres surra homens no norte da Índia
(De Banda - Índia)
A gangue tem feito protestos sérios contra autoridades corruptas
Um grupo de mulheres indianas que se autodenomina gulabi gang, ou a gangue rosa, está fazendo justiça com as próprias mãos na empobrecida região da cidade de Banda, no norte da Índia.
Dois anos após ter surgido como um grupo organizado, com nome e indumentária característicos, a gangue já deu surras em homens que abandonaram ou bateram em suas mulheres e denunciou práticas corruptas na distribuição de comida para os pobres.
Elas vestem sáris cor-de-rosa (o sári é a roupa tradicional feminina na Índia), saem em perseguição de autoridades corruptas e, quando necessário, se armam com varas e machados.
As centenas de adeptas da gangue fogem de associações com partidos políticos e organizações não-governamentais porque, nas palavras de sua líder, Sampat Pal Devi, "eles estão sempre esperando alguma coisa em troca quando oferecem ajuda financeira".
"Mulheres precisam de homens"
"Ninguém nos ajuda nessas redondezas. As autoridades e a polícia são corruptas e são contra os pobres. Então, às vezes temos de fazer justiça com as nossas mãos. Em outras situações, preferimos envergonhar os malfeitores", explica Sampat Pal Devi, enquanto ensina uma das mulheres da gangue a usar um lathi (vara tradicional indiana) em defesa própria.
Castigada pela seca, Banda fica em uma das áreas mais pobres de um dos Estados mais populosos da Índia, Uttar Pradesh.
O fardo da pobreza e da discriminação, em uma sociedade baseada em castas e dominada pelos homens, acaba pesando mais sobre as mulheres. Pedidos de dotes, violência doméstica e sexual são comuns.
A líder Sampat Pal Devi, por exemplo, é esposa de um vendedor de sorvete e tem cinco filhos, o primeiro nascido quando ela tinha apenas 13 anos.
"Não somos uma gangue no sentido comum da palavra. Somos uma gangue pela justiça."
O grupo também não se considera feminista. As mulheres dizem que já devolveram 11 meninas que foram expulsas de casa aos maridos porque "mulheres precisam de homens para viver junto".
É por isso que homens como Jai Prakash Shivhari também se aliaram à gangue e discutem com veemência temas como casamento infantil, mortes associadas a dotes, falta d'água, subsídios agrícolas e desvio de verbas em obras do governo.
"Não queremos doações ou esmolas. Não queremos conciliação ou ação afirmativa. Dê-nos trabalho, pague-nos salários decentes e devolva nossa dignidade", ele diz.
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Tá, que uma notícia dessas seja lida como manifestação de insatisfação e de protagonismo de mulheres que têm consciência da desigualdade a que estão diariamente submetidas e estão fazendo algo contra. E não, que venham me falar: "E aí, feministas, vcs não querem que os homens batam em vcs, mas essas mulheres podem?, nhem, nhem, cadê a igualdade?". Pelo amor das deusas, tente ter uma noção mínima e ampla do fenômeno para entender que isso não tem nada a ver! Não, não é o oposto, é diferente, é reação transgressora e legítima, não uma prática cotidiana reiteradora de poderes, porra!
sexta-feira, novembro 30, 2007
Pelos 16 dias de ativismo
Às vésperas do início da edição anual desta campanha, a divulgação da informação de que uma jovem atirada à prisão para ser torturada por estupros por parte de presos na mesma cela causa indignação e merece um público e veemente repúdio.
Quando nos perguntam sobre os avanços conquistados pelas mulheres desde a segunda metade do século XX, nunca fizemos um balanço otimista. O aumento significativo do ingresso de mulheres nos cursos superiores e a participação no mundo do trabalho formal faz parecer que se avançou muito. No entanto, não engendrou salários iguais aos dos homens mesmo quando a escolaridade da mulher é maior, sem falar no peso da dupla jornada. Entretanto, como ocorreu em Abaetetuba (e não é só lá) é revoltante ver o estado lançar mulheres nas celas junto a vários homens sabendo que serão estupradas.
No início do horário de verão, um homem feriu a esposa por ela não ter atrasado o relógio. Um rapaz ameaçou invadir a escola onde estuda uma jovem que ele desejava que fosse sua namorada, ameaçando-a. Um outro rapaz, não quis aceitar o rompimento com a namorada. Foi até o município onde ela estudava, abordou-a na entrada da faculdade matando-a. Um homem chegou em casa, quebrou móveis e louças, empurrou a esposa e suas duas filhas (de menos de 10 anos de idade) para fora de casa e se trancou para dormir: as três ficaram na rua durante toda a noite.
Quantas mulheres, ao longo da história foram impedidas de votar e de estudar. Mas isto não é coisa do passado. No dia 6 de dezembro de 1989, um estudante irrompeu na Escola politécnica de Montreal (Canadá) e atirou nas mulheres. Não aceitava que as jovens adentrassem nos cursos de engenharia dizendo elas roubavam as vagas dos homens. Atirou furiosamente assassinando 14 mulheres. Daí surgiu a Campanha do Laço Branco pela quais homens se engajam mobilizando-se pelo fim da violência contra a mulher.
- a cada minuto, 04 mulheres são espancadas ;- em cada 10 casos registrados, 7 têm como agressor o marido, namorado, ex-companheiro, pai e parentes;- a cada 9 segundos, uma mulher é ofendida na sua conduta sexual;
A campanha pelo fim da violência contra as mulheres que de 25 de novembro a 10 de dezembro ocorre simultaneamente em mais de 130 países, necessita, pois, de muita garra. A Secretaria Especial de Políticas para Mulheres disponibilizou o telefone gratuito 180 para orientar as mulheres, funcionando 24 horas, inclusive nos sábados e domingos.
O patriarcalismo ainda está vivo: houve juiz que ousasse pronunciar-se contra a Lei Maria da Penha (Lei nº11.340) considerando-a inconstitucional. Estamos nos empenhando na direção contrária, divulgando a lei, incentivando as mulheres para que denunciem seus agressores, sem medo. Quem deve ter medo é o agressor. É preciso que a Lei nº 11.340 saia do papel. Afinal, uma vida sem violência é nosso direito.
Dia 25 de novembro Resgatando a História:
Brutalmente assassinadas pelo ditador Rafael Leônidas Trujillo, da República Dominicana, as irmãs Mirabal Minerva, Maria Tereza e Pátria Mirabal são justamente lembradas pra marcar a campanha 16 dias de ativismo pelo fim da violência contra as mulheres. Essa campanha inicia-se exatamente na data do assassinato delas: 25 de novembro (1960).
*Por Iolanda Toshie Ide
segunda-feira, novembro 05, 2007
Podridão
segunda-feira, outubro 29, 2007
Eu, vocês e o que não mais somos
quarta-feira, outubro 24, 2007
Tempestade de idéias - penúltima semana de outubro de 2007
Viva!